sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quem foi o Maestro Nelson Ferreira?

Carinhosamente apelidado de "O Moreno Bom", Nelson Heráclito Alves Ferreira nasceu em Bonito, município pernambucano, em 9 de dezembro de 1902 e hoje é um dos mais populares compositores de que o Nordeste tem notícia. Seu primeiro contato com a produção musical deu-se aos 14 anos de idade, compondo, a pedido da Companhia de Seguros Vitalícia Pernambucana, a valsa "Victória". Ainda muito jovem, tocava nas pensões alegres, nos cafés, nos saraus e nos famosos cinemas Royal e Moderno, no Recife, tendo sido o pianista mais ouvido na época do cinema mudo. Já nos primeiros anos do rádio em Pernambuco, Nelson Ferreira foi convidado por Oscar Moreira Pinto para atuar como Diretor Artístico da Rádio Clube de Pernambuco, onde, além de compor, foi responsável pela fundação de vários grupos e orquestras. Por essa época, e durante toda sua vida, compôs valsas, foxes, tangos, canções, especializando-se no gênero frevo. Na área de disco, foi também Diretor Artístico da Fábrica Rozenblit, instalada em Pernambuco. A partir dos anos 40, criou uma orquestra de frevos que não apenas ficou famosa em sua trajetória local, mas também extrapolou as fronteiras de nossa região, conseguindo sucesso a nível nacional. Desde 1924, iniciado na discografia brasileira com a música "Borboleta não é ave", em ritmo de samba, gravado em disco, passou depois para as marchas pernambucanas e outros gêneros, tendo então parceiros de peso como Aldemar Paiva, Luiz Queiroga, Osvaldo Santiago, Sebastião Lopes, Fernando Lobo, Ziul Matos. Da mesma forma, entre seus intérpretes estão nomes famosos, tais como: Francisco Alves, Aracy de Almeida, Carlos Galhardo, Joel e Gaúcho, Valdi Azevedo, Nelson Gonçalves, Dircinha Batista, Claudionor Germano e Expedito Baracho. Compôs sete evocações musicais famosas em todo o Brasil, homenageando carnavalescos, jornalistas, velhos companheiros e outros verdadeiros imortais da poesia e música como Manuel Bandeira, Ascenço Ferreira, Lamartine Babo e Francisco Alves. Marcantes, também, foram suas valsas, a ponto de arrancar da pena do escritor Nilo Pereira: "Nelson Ferreira, feiticeiro do piano, fixador de um tempo que as valsas revivem, como se estivessem falando. Se meia hora antes de sair o meu enterro, tocarem as valsas de Nelson, velhas valsas tão íntimas do meu mundo, irei em paz sonhando". Em 1958, a Fábrica de Discos Rozenblit reuniu algumas dessas preciosas valsas em LP, que se esgotaram em pouco tempo. E, em 1988, a Fundação Joaquim Nabuco, por meio do projeto Compositores Pernambucanos, reuniu em LP, também esgotado, algumas dessas valsas já gravadas anteriormente e outras inéditas, que receberam o arranjo do maestro Antônio José Madureira. O Maestro Nelson Ferreira faleceu no dia 21 de dezembro de 1976, no Real Hospital Português, no Recife, e foi transportado para o "hall" da Câmara Municipal, onde foi velado.
Fonte: http://escolas.educacao.pe.gov.br/layout.php?portal=7148&p=historia 

Os desafios e questionamentos sobre o ENEM.

Humanizar o vestibular não é fazer com que o aluno estude menos e sim, com que empregue honestamente o seu tempo, preparando-se bem para as elevadas exigências futuras: raciocínio lógico, boa escrita, boa oralidade, cultura, cidadania, valores, respeito ao meio ambiente, aptidão às tecnologias, etc.
Todos queremos um aluno mais reflexivo, e o ingresso no ensino superior deve ser por meio de provas que exijam raciocínio lógico, produção de textos e questões que contemplem o conteúdo, mas também, compreensão de texto, as aplicações práticas, a contextualização e a interdisciplinaridade.
O Inep – órgão do MEC encarregado de implantar o novo Enem – tem expertise para esse imenso desafio. No entanto, ainda há outros pontos indefinidos:
1) Quando o novo Enem for implantado à plena carga, serão 5 milhões de redações a serem corrigidas. Julgo ser impossível concentrar esse trabalho em Brasília. E se os núcleos de correção forem distribuídos em diversos pontos do Brasil, como manter um critério uniforme de correção?
2) As provas serão aplicadas nos dias 3 e 4 de outubro. Quando conheceremos o programa?
3) O MEC promete a divulgação dos resultados no dia 4 de dezembro (para as 200 questões) e o resultado final em 8 de janeiro, incluindo a redação. É tempo excessivo, tendo em vista a tecnologia das leitoras óticas. Esse calendário traz imensas dificuldades para se implantar uma segunda fase.
4) Se houver quebra de sigilo em Macapá, o vestibular do Brasil inteiro seria anulado?
5) Para o ano de 2009, as datas de 3 e 4 de outubro são precoces, uma vez que os alunos do 3º ano recém-iniciaram o 4º bimestre. Ademais, sendo 3 de outubro um sábado, como ficam os adventistas?
6) A tão apregoada mobilidade pode apresentar problemas, uma vez que muitos dos aprovados não poderão migrar para outras cidades para estudar, por falta de recursos.
7) Somos um país com grandes disparidades regionais. O reitor da Universidade Federal do Vale do Rio São Francisco receia que, principalmente em cursos mais concorridos, como Medicina, alunos de regiões mais ricas, por terem melhor nota, ocupem as vagas em detrimento dos estudantes do semiárido e, após formados, voltem à terra natal.
8) Definido o regramento para o novo Enem, sugere-se o debate para implantar um Enem seriado, com conteúdo programático e provas para cada série do ensino médio. As três notas seriam consideradas para o ingresso na universidade.
9) O MEC promete inscrição gratuita para o novo Enem. Atualmente, as universidades atendem os carentes. Essa verba não seria mais bem empregada em nossa combalida educação básica?
10) Num prazo de 15 dias, pela internet, e após 8 de janeiro, o aluno poderá fazer cinco inscrições de cursos diferentes na mesma universidade ou em até cinco universidades diferentes. Nesse período, cada candidato fará dezenas ou centenas de acessos na busca da melhor opção. Como serão os últimos minutos do prazo derradeiro?
Enumeramos essas dúvidas com um único objetivo: cinco milhões de candidatos anseiam por uma normatização clara e urgente quanto aos vestibulares deste ano. Eles necessitam da motivação de que o conteúdo que está sendo estudado constará no programa. Eles empunham a chama esplendorosa da esperança num futuro promissor, mas também carregam o fardo da incerteza e da insegurança. Assim, vamos compartilhar as palavras de Manuel Bandeira, recorrentes nos vestibulares: “Ah, como dói viver quando falta esperança.”

Jacir J. Venturi é vice-presidente do Sinepe/PR, diretor de escola e foi professor da UFPR, da PUCPR, de cursos pré-vestibulares e de escolas públicas e privadas.